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Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deve promover nova redução de 0,50 ponto percentual da taxa Selic nesta quarta-feira (20/9), mas risco fiscal pode voltar ao radar da autoridade monetária

Por: Rosana Hessel – Correio Braziliense

Na avaliação dos especialistas, teor do comunicado que será divulgado após o encontro vai indicar os próximos passos do colegiado  (Ed Alves/CB/D.A Press)
O Banco Central (BC) deve anunciar hoje, segundo dia da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), mais uma redução de 0,50 ponto percentual da taxa básica de juros (Selic), que passará dede 13,25% para 12,75% ao ano. A taxa expectativa de analistas do mercado financeiro é que o colegiado mantenha o ritmo de corte iniciado na última reunião. Segundo os especialistas, a decisão do comitê, que ganhou dois novos integrantes no mês passado, deve ser consensual desta vez. Em agosto, o grupo se dividiu a respeito do tamanho do corte da Selic — de 0,25 ponto ou de 0,50 ponto —, e presidente do BC, Roberto Campos Neto, foi o voto de minerva em favor do percentual mais elevado A grande dúvida entre os analistas, agora, é sobre a intensidade do ritmo de queda dos juros nas futuras reuniões, especialmente a partir de dezembro, quando o Copom terá mais dois novos diretores indicados pelo atual governo.
 
“O grande ponto da decisão de amanhã (hoje) vai ficar concentrado no comunicado. É saber se o BC vai reintroduzir no texto a preocupação com a questão fiscal no balanço de riscos, o que poderá dar um tom mais hawkish (menos tolerante com a inflação) ao próximo Copom”, afirmou o economista Julio Cesar Barros, da Daycoval Asset.
 
Ele lembrou que, apesar da aprovação do novo arcabouço fiscal, ainda há muita incerteza em relação ao equilíbrio das contas públicas prometido pelo governo para 2024. “Muitas dúvidas continuam no ar. Vamos ver se o Banco Central vai esperar ou já sinalizar essa preocupação no comunicado do Copom”, disse. Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, não prevê surpresas “tanto na decisão quanto na comunicação do Copom”. Contudo, diz que a autoridade monetária precisa manter os alertas sobre os riscos inflacionários do mercado de trabalho, que continua aquecido, e da expansão fiscal promovida pelo governo, que tem ajudado nos resultados mais positivos do Produto Interno Bruto (PIB).
 
GASOLINA
 
Além disso, entrou no radar o risco de novos reajustes na gasolina devido ao aumento da defasagem dos preços do petróleo entre os mercados interno e externo. “O debate entre economistas é sobre o ritmo desse processo, que talvez aumente muito a barra para mudar o ritmo (do ajuste dos juros) agora, como o (presidente do BC) Campos Neto disse”, explicou.  
Na avaliação de Padovani, outra preocupação crescente no mercado financeiro é sobre o compromisso do BC em manter a inflação no centro da meta a longo prazo, devido à trocas de diretores. São fatores, disse, que “retardam a convergência da inflação para o centro da meta”.
 
CENTRO DA META
 
“O Banco Central tem que fazer um processo de afrouxamento da política monetária cauteloso, porque ainda há muitas dúvidas, não tanto com relação à desinflação, que praticamente já aconteceu, mas com a capacidade de se alcançar o centro da meta. Acho que a discussão agora é mais olhar o centro da meta do que a desinflação”, salientou.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, aposta em cortes de 0,50 ponto percentual na Selic até julho do ano que vem, mas isso dependerá dos dois novos diretores que entrarão no BC em dezembro. “A inflação de 2024 está bem ancorada ainda, mas é possível um cenário um pouco mais turbulento no ano que vem. Com os novos diretores, vamos ter mais clareza sobre os próximos movimentos do BC”, observou.
 
ESTRATÉGIA CAUTELOSA
 
Julio Hegedus, economista-chefe da Mirae Asset, também acredita que o BC seguirá a estratégia cautelosa de cortes de 0,50 ponto percentual até fechar o ano em 11,75%. Creio que a estratégia deve se manter em cortes seguidos de 0,50 ponto, até porque o país possui peculiaridades, uma cultura de inflação elevada e juro real acima de 4%. Assim, o Banco Central deve manter uma postura reunião a reunião, sem perder a guarda sobre o cenário inflacionário, o ambiente político e os riscos fiscais”, afirmou. 
As informações são do Correio Braziliense. 
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