FONTE: CONTÁBEIS

Neste artigo, o especialista comenta sobre a taxa básica de juros, que sofreu redução nesta semana.

Banco Central acerta na redução de 0,5% e sinaliza cautela com cenário fiscal e petróleo

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O Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (Bacen), decidiu por cortar a taxa básica de juros em 0,5 ponto porcentual (p.p.), conforme esperado pelo mercado e pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP), passando de 13,25% para 12,75% ao ano (a.a.). O Bacen justificou esse veredito com base na inflação oficial de agosto, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do IBGE, que ficou 0,23% abaixo do esperado. O indicador acumula 4,61% em 12 meses e 3,23% a.a. 

A autoridade monetária destacou que os preços de alimentos em domicílio (-1,26%), energia (fim do bônus Itaipu), veículos (fim do auxílio às montadoras) e combustíveis (ajustes da Petrobras) tiveram impactos pontuais no IPCA, apesar de os núcleos (preços menos voláteis e sujeitos a quebras) e os serviços estarem sob controle, com médias entre 0,25% e 0,3%. Esse resultado é o que mais afligia o Bacen, uma vez que reflete o nível de demanda da economia.

Contudo, a instituição também alertou para os riscos que podem comprometer a trajetória de inflação em médio e longo prazos, por isso a importância de ter cautela neste momento e não acelerar os cortes para 0,75%, conforme alguns esperavam. Os juros de longo prazo estão em constante alta em decorrência das preocupações com a política fiscal. Para se ter uma ideia, só nos primeiros seis meses do ano, o governo acumulou um déficit de R$ 100 bilhões, evidenciando uma postura expansionista que poderá pressionar a demanda futura. 

Para manter o caminho de redução dos juros, em 2024, e melhorar as condições de investimento, receita, renda e emprego no setor privado, cortes de gastos e uma Reforma Administrativa são essenciais. Além disso, os valores do petróleo continuam em alta, e a Petrobras mantém preços internos defasados, o que poderá resultar em expansões adicionais nos combustíveis em breve — e a saúde financeira da estatal estará em jogo caso essa situação persista. 

Considerando todos esses riscos, a redução de 0,5% parece apropriada e deverá ser mantida até o fim do ano, com mais duas reuniões, levando a Selic para 11,75%. A capacidade de realizar mais cortes no próximo ano dependerá menos do cenário monetário e mais dos ajustes fiscais potenciais do governo. Quanto menor esse ajuste, maior será o teto para os juros no fim do ciclo de flexibilização que o Bacen já iniciou.

André Sacconato

Publicado porANDRÉ SACCONATO

Economista da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) e membro do Conselho de Economia Empresarial e Política da mesma instituição. PhD em Economia, Relações Governamentais e Ambiente de negócios, também é professor do MBA da FIA-USP

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