Empresas ampliam o olhar sobre a reutilização, reciclagem e redução do desperdício de recursos
Por: Thatiany Lucena / FONTE: DP
A transição do método tradicional de produção para a adoção de práticas sustentáveis nas empresas vem se tornando uma demanda cada dia mais frequente. Entre essas ações estão a redução do descarte de resíduos, a reciclagem e a reutilização de recursos, o que reflete na preservação do meio ambiente e proporciona novas alternativas para movimentar a economia.
No dia 27 de junho, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, assinou um Decreto que institui a Estratégia Nacional de Economia Circular (ENEC). Essa iniciativa, coordenada pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), deve promover a transição do modelo de produção linear, aquele que inicia na extração, produção e termina no descarte, para a economia circular, incentivando o uso eficiente de recursos naturais, além de práticas sustentáveis na cadeia de produção.
Diante dessa crescente demanda por mudanças pensadas no meio ambiente, o HUB ODS Pernambuco tem como objetivo conectar e orientar as empresas e organizações para acelerar o envolvimento do setor com a Agenda 2030 de Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas (ONU) no estado. O grupo tem hoje mais de 170 organizações pernambucanas associadas, em novembro de 2022, apenas 30 organizações eram participantes.
Para Thomas Kiss, coordenador do HUB ODS Pernambuco do Pacto Global da ONU – Rede Brasil, uma das vantagens da rede é unir, de forma gratuita, as empresas que podem evoluir com a troca de experiências. “Trazemos o conhecimento do Pacto Global, que é a maior rede de sustentabilidade corporativa do mundo hoje, trabalhando no engajamento das empresas e como elas podem alinhar as suas estratégias de negócios a essas estratégias de desenvolvimento sustentável”, destaca o coordenador.
Ações sustentáveis
O Vale Luz é um projeto da Neoenergia, ação focada na troca de resíduos sólidos por descontos na conta de energia. O supervisor de eficiência energética da Neoenergia, Artur Costa, conta que a ação da Neoenergia vem ganhando cada vez mais adeptos. Somente no ano passado, mais de R$ 534 mil foram economizados na fatura de energia dos clientes do estado. Entre os pontos de entrega, as lojas da Madalena e da Jaqueira, na Zona Norte do Recife, são as que mais recebem os resíduos.
“No passado, a gente destinou quase 900 toneladas e até maio deste ano já foram destinadas 451 toneladas. O material reciclado, recolhido nos pontos da Neoenergia, é destinado para a indústria que recicla esse material que deve ser transformado em novos produtos”, destaca Artur Costa. Fechando o ciclo de vida do produto, a Fênix Reciclagem é uma das empresas que compra da Neoenergia materiais como papel, pet e catemba.”Fazemos a trituração e a recuperação para transformar em um polímero que será utilizado na indústria”, conta Marlon Pinheiro, diretor geral da empresa.
Maria José de Assis, de 58 anos, moradora do Córrego do Jenipapo, na Zona Norte do Recife, é vendedora autônoma e se dedica a recolher o material reciclável dos seus vizinhos ao lado do seu marido, o aposentado José Rosa de Lima, de 64 anos. Ela revela, com alegria, que desde quando iniciou no projeto, há cerca de 9 anos, consegue zerar a conta de energia, fazendo a entrega do material toda segunda-feira no ponto de coleta da Neoenergia. “A gente limpa a nossa comunidade, traz os produtos para cá e separa. Com dinheiro de pagar a conta, R$ 200 ou R$ 150, a gente compra uma carne, um pão”, comemora.
No setor de construção, a ACLF Empreendimentos, construtora referência em Paulista, responsável pela construção do Paulista North Way Shopping entre outros empreendimentos, trabalha, desde 2016, com um método de construção baseado na construção de paredes de concreto feitas com formas de alumínio moldadas.
A analista de Sistema de Gestão Integrado (SGI) da ACLF, Laura Pereira explica que esse sistema construtivo reduz consideravelmente o índice de geração de resíduos. “São obras mais rápidas, mais econômicas e de grande reaproveitamento do material. Por esse fato a gente já tem uma redução feita pelo histórico interno aqui da empresa de 65%, relacionado ao índice tradicional”, ressalta. A ACLF também reutiliza as sobras de concreto para fazer pré-moldados ou acabamentos externos da obra. A Masterboi, indústria frigorífica, utiliza como prática sustentável a fertirrigação. O processo é focado na reutilização da água utilizada nos abatedouros, que se transforma em fertilizante natural e volta para a natureza. “Todo o nosso efluente inicia nos frigoríficos. Esse afluente segue em duas linhas, a linha vermelha e a linha verde, que seguem para o sistema Físico-Químico da Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) e depois segue para as lagoas, onde ocorre a degradação biológica e no final temos esse efluente tratado, que segue para a fertirrigação, com o uso de fertilizantes e nutrientes diretamente no solo”, detalha Jéssica Santos, gerente de meio ambiente da empresa.
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