Relatório Jornal Contábil: Enquanto São Paulo concentra 34% das empresas formais, Nordeste lidera em adesão ao Simples Nacional. Complexidade fiscal e Reforma Tributária desafiam competitividade.

Escrito por: Ricardo de Freitas  / FONTE: JORNAL CONTÁBIL

O Brasil encerrou 2024 com 21,6 milhões de empresas ativas, segundo dados oficiais da Receita Federal. Desse total, 18,2 milhões (84%) estão enquadradas no Simples Nacional, regime que impulsiona micro e pequenos negócios. Este levantamento inédito, elaborado com base em dados do Sebrae, IBGE e Receita Federal, revela não apenas a distribuição geográfica das empresas, mas também os desafios de um sistema tributário classificado como um dos mais complexos do mundo.

1. O Predomínio do Simples Nacional

O Simples Nacional consolida-se como a espinha dorsal do empreendedorismo brasileiro. Criado para simplificar a cobrança de impostos, o regime atrai empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, incluindo MEIs, micro e pequenas empresas.

Tabela 1: Perfil das Empresas no Simples Nacional

CaracterísticaDados
Número total de empresas18,2 milhões
Estados com maior adesãoBahia (85%), Pernambuco (83%)
Setores predominantesComércio (45%), Serviços (38%)
Crescimento de MEIs (2020-2024)+50% (de 12,1 mi para 18,2 mi)
Fonte: Receita Federal (2024).
Apesar da popularidade, o regime enfrenta críticas. Carlos Eduardo Martins, economista do Sebrae, alerta:
“Muitas empresas ultrapassam o limite de faturamento sem planejamento, gerando multas retroativas. Em 2023, 32 mil negócios foram excluídos do Simples por irregularidades.”
2. Regimes Tributários: Quem Paga Mais?
Além do Simples, os regimes de Lucro Presumido e Lucro Real atendem a 14,8% das empresas, mas respondem por 68% da arrecadação tributária federal.
Tabela 2: Comparativo entre Regimes Tributários
Regime
Nº de Empresas
Faturamento Anual
Custo Médio de Compliance/Ano
Simples Nacional
18,2 milhões
Até R$ 4,8 milhões
R$ 5 mil
Lucro Presumido
2,1 milhões
R$ 4,8mi até R$ 78 mi
R$ 40 mil
Lucro Real
1,1 milhão
Acima de R$ 78 milhões
R$ 120 mil
Outros
200 mil
Varia por setor
R$ 25 mil

Fonte: Sebrae e Receita Federal (2024).
Lucro Presumido:
Predomina no Sul (18% em Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Setores como comércio exterior e indústria têxtil são os maiores contribuintes.
Lucro Real:
Concentra-se em São Paulo (40% do total).
Bancos e seguradoras são obrigados a aderir, independente do faturamento.
3. Mapa das Empresas por Estado: Sudeste Rico, Nordeste Informal
A atividade empresarial reflete as desigualdades regionais. Enquanto o Sudeste abriga 44% das empresas formais, o Nordeste lidera em informalidade (50% da economia, segundo o IBGE).
Tabela 3: Top 5 Estados em Número de Empresas
Estado
Empresas Ativas
Regime Predominante
Destaque Econômico
São Paulo
7,3 milhões
Simples Nacional (76%)
45% do PIB industrial nacional
Minas Gerais
2,1 milhões
Simples Nacional (82%)
Polo de tecnologia em BH (+7% em 2024)
Rio de Janeiro
1,9 milhão
Simples Nacional (70%)
Turismo responde por 25% dos MEIs
Rio Grande do Sul
1,4 milhão
Lucro Presumido (15%)
Energia eólica (+12% em investimentos)
Bahia
1,1 milhão
Simples Nacional (85%)
60% das empresas são informais
Fonte: Sebrae e IBGE (2024).

Caso Bahia:
Apesar do alto número de empresas no Simples, o estado tem a segunda maior taxa de informalidade do país (50%). “Falta acesso a crédito e orientação contábil”, explica Ana Lúcia Santos, presidente da Federação das Empresas Baianas.
4. Tendências para 2025: Digitalização e Reforma Tributária
4.1 Revolução dos MEIs Digitais
Plataformas como iFood, Uber e GetNinjas impulsionaram o registro de 1,2 milhão de novos MEIs em 2024.
4.2 Impactos da Reforma Tributária
A fusão de PIS/Cofins na CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), aprovada em 2023, promete simplificar tributos federais. Para Renata Vaz, especialista em direito tributário:
“A reforma reduzirá custos para empresas de médio porte, mas microempresas podem sentir aumento na carga fiscal dependendo do setor.”
5. Os Desafios da Complexidade Fiscal
O Brasil ocupa a 154ª posição no ranking de facilidade para pagar impostos do Banco Mundial. Entre os entraves estão:
Cumprimento de obrigações acessórias: Empresas do Lucro Real gastam 600 horas/ano com declarações.
Alta informalidade: 48% da economia opera à margem da lei, segundo o IBGE.

ContabilidadeDestaqueEconomiaFique Sabendo
Brasil atinge 21,6 milhões de empresas ativas em 2024; Simples Nacional domina 84% do mercado
Relatório Jornal Contábil: Enquanto São Paulo concentra 34% das empresas formais, Nordeste lidera em adesão ao Simples Nacional. Complexidade fiscal e Reforma Tributária desafiam competitividade.
Escrito por: Ricardo de Freitas Publicado: 04/02/2025 9 minutos ler




Introdução ao Relatório Jornal Contábil de Empresas no Brasil


O Brasil encerrou 2024 com 21,6 milhões de empresas ativas, segundo dados oficiais da Receita Federal. Desse total, 18,2 milhões (84%) estão enquadradas no Simples Nacional, regime que impulsiona micro e pequenos negócios. Este levantamento inédito, elaborado com base em dados do Sebrae, IBGE e Receita Federal, revela não apenas a distribuição geográfica das empresas, mas também os desafios de um sistema tributário classificado como um dos mais complexos do mundo.
1. O Predomínio do Simples Nacional
O Simples Nacional consolida-se como a espinha dorsal do empreendedorismo brasileiro. Criado para simplificar a cobrança de impostos, o regime atrai empresas com faturamento anual de até R$ 4,8 milhões, incluindo MEIs, micro e pequenas empresas.
Tabela 1: Perfil das Empresas no Simples Nacional
Característica
Dados
Número total de empresas
18,2 milhões
Estados com maior adesão
Bahia (85%), Pernambuco (83%)
Setores predominantes
Comércio (45%), Serviços (38%)
Crescimento de MEIs (2020-2024)
+50% (de 12,1 mi para 18,2 mi)

Fonte: Receita Federal (2024).
Apesar da popularidade, o regime enfrenta críticas. Carlos Eduardo Martins, economista do Sebrae, alerta:
“Muitas empresas ultrapassam o limite de faturamento sem planejamento, gerando multas retroativas. Em 2023, 32 mil negócios foram excluídos do Simples por irregularidades.”
2. Regimes Tributários: Quem Paga Mais?
Além do Simples, os regimes de Lucro Presumido e Lucro Real atendem a 14,8% das empresas, mas respondem por 68% da arrecadação tributária federal.
Tabela 2: Comparativo entre Regimes Tributários
Regime
Nº de Empresas
Faturamento Anual
Custo Médio de Compliance/Ano
Simples Nacional
18,2 milhões
Até R$ 4,8 milhões
R$ 5 mil
Lucro Presumido
2,1 milhões
R$ 4,8mi até R$ 78 mi
R$ 40 mil
Lucro Real
1,1 milhão
Acima de R$ 78 milhões
R$ 120 mil
Outros
200 mil
Varia por setor
R$ 25 mil

Fonte: Sebrae e Receita Federal (2024).
Lucro Presumido:
Predomina no Sul (18% em Santa Catarina e Rio Grande do Sul).
Setores como comércio exterior e indústria têxtil são os maiores contribuintes.
Lucro Real:
Concentra-se em São Paulo (40% do total).
Bancos e seguradoras são obrigados a aderir, independente do faturamento.
3. Mapa das Empresas por Estado: Sudeste Rico, Nordeste Informal
A atividade empresarial reflete as desigualdades regionais. Enquanto o Sudeste abriga 44% das empresas formais, o Nordeste lidera em informalidade (50% da economia, segundo o IBGE).
Tabela 3: Top 5 Estados em Número de Empresas
Estado
Empresas Ativas
Regime Predominante
Destaque Econômico
São Paulo
7,3 milhões
Simples Nacional (76%)
45% do PIB industrial nacional
Minas Gerais
2,1 milhões
Simples Nacional (82%)
Polo de tecnologia em BH (+7% em 2024)
Rio de Janeiro
1,9 milhão
Simples Nacional (70%)
Turismo responde por 25% dos MEIs
Rio Grande do Sul
1,4 milhão
Lucro Presumido (15%)
Energia eólica (+12% em investimentos)
Bahia
1,1 milhão
Simples Nacional (85%)
60% das empresas são informais
Fonte: Sebrae e IBGE (2024).

Caso Bahia:
Apesar do alto número de empresas no Simples, o estado tem a segunda maior taxa de informalidade do país (50%). “Falta acesso a crédito e orientação contábil”, explica Ana Lúcia Santos, presidente da Federação das Empresas Baianas.
4. Tendências para 2025: Digitalização e Reforma Tributária
4.1 Revolução dos MEIs Digitais
Plataformas como iFood, Uber e GetNinjas impulsionaram o registro de 1,2 milhão de novos MEIs em 2024.
4.2 Impactos da Reforma Tributária
A fusão de PIS/Cofins na CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços), aprovada em 2023, promete simplificar tributos federais. Para Renata Vaz, especialista em direito tributário:
“A reforma reduzirá custos para empresas de médio porte, mas microempresas podem sentir aumento na carga fiscal dependendo do setor.”
5. Os Desafios da Complexidade Fiscal
O Brasil ocupa a 154ª posição no ranking de facilidade para pagar impostos do Banco Mundial. Entre os entraves estão:
Cumprimento de obrigações acessórias: Empresas do Lucro Real gastam 600 horas/ano com declarações.
Alta informalidade: 48% da economia opera à margem da lei, segundo o IBGE.

Tabela 4: Custo da Informalidade
Indicator
Dados
Perda anual de arrecadação
R$ 300 bilhões
Negócios informais
10,3 milhões
Setores mais afetados
Construção (62%), Comércio (58%)
Fonte: IBGE e CNC (2024).
6. Recomendações para Empresas
Micro e pequenas empresas:Utilize o Simulador do Simples Nacional para projetar faturamento.
Regularize-se como MEI para acessar crédito subsidiado.
Médias empresas:Migre para o Lucro Presumido se ultrapassar R$ 4,8 milhões/ano.
Aproveite incentivos fiscais estaduais (ex.: redução de ICMS no Paraná).
Grandes empresas:Invista em inteligência artificial para gestão tributária.
Monitore mudanças na CBS para ajustar precificação.
Conclusão
Os números mostram um Brasil empreendedor, mas ainda refém da burocracia. Enquanto o Simples Nacional democratiza o acesso ao formalismo, a alta carga tributária e a complexidade fiscal limitam a competitividade. Para Paulo Guedes, ex-ministro da Economia:
“Sem simplificação real, continuaremos a ver empresas crescendo na informalidade ou fechando as portas.”
Créditos e Fontes:
Dados: Receita Federal, Sebrae, IBGE e CNC.
Colaboração: ABCONT (Associação Brasileira de Contabilidade).
Edição: Equipe de Economia do Jornal Contábil.
Contato: redator@jornalcontabil.com.br
Publicado em 15 de julho de 2024. Proibida reprodução sem créditos.

Nota: Para dados personalizados por setor ou município, acesse o Portal da Transparência da Receita Federal.

Ricardo de Freitas
Ricardo de Freitas possui uma trajetória multifacetada, ele acumula experiências como jornalista, CEO e CMO, tendo atuado em grandes empresas de software no Brasil. Atualmente, lidera o grupo que engloba as empresas Banconta, Creditook e MEI360, focadas em soluções financeiras e contábeis para micro e pequenas empresas. Sua expertise em marketing se reflete em sua obra literária: “A Revolução do Marketing para Empresas Contábeis”: Neste livro, Ricardo de Freitas compartilha suas visões e estratégias sobre como as empresas contábeis podem se destacar em um mercado cada vez mais competitivo, utilizando o marketing digital como ferramenta de crescimento.
Categorias: SINDISERRAPE

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