FONTE: EXAME.
Segundo estudo, 47% das empresas do setor têm iniciativas ou plano de ação formal de ecoinovação
ecoinovação: indústria brasileira implementa conceito em seu modelo de negócio (patpitchaya/Getty Images)
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulga neste domingo, 24, uma pesquisa inédita sobre o cenário da ecoinovação no Brasil. Segundo os dados, 47% das indústrias brasileiras têm projetos ou plano de ação formal de inovação aliada a sustentabilidade. A pesquisa completa será apresentada no 10º Congresso Internacional de Inovação da Indústria, que será realizado nos dias 27 e 28, no São Paulo Expo. Organizado pela CNI em parceria com o Sebrae, o evento é apontado como um dos maiores sobre inovação da América Latina.
A ecoinovação é definida pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) como a inovação que resulta na redução do impacto ambiental. A CNI aponta que esse processo é uma tendência mundial e está promovendo mudanças nos modelos de negócios das empresas, além de ser fundamental para a construção de novos parâmetros de sustentabilidade e competitividade para o setor industrial, no Brasil e no mundo. “Os cientistas já mostram que o planeta está fervendo. Precisamos que a industria seja parte desse processo de desenvolvimento sustentável”, afirma Gianna Sagazio, diretora de Inovação da CNI, em entrevista à EXAME. Entre as medidas apontadas pela CNI como ecoinovadoras, estão, por exemplo, as ações da Suzano e Nestlé em gerar energia por meios renováveis e o programa Compromisso com a Vida 2030 da Natura, para ficar em apenas três casos. “O Congresso da CNI será uma oportunidade para discutirmos com as maiores lideranças do país mais sobre o tema”, afirma Sagazio.
O tema do evento será a ecoinovação e reunirá especialistas brasileiros e internacionais para debater o assunto e propor diretrizes de uma estratégia nacional para a indústria brasileira. A diretora de inovação conta que, durante o evento, será apresentada uma proposta ao Congresso Nacional para o desenvolvimento da inovação sustentável no Brasil. “Vamos apresentar ao Congresso no dia 28 uma proposta de estratégica para o desenvolvimento da ecoinovação no país”, explica.
No fim de agosto, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, lançou o que foi chamado de o maior programa de inovação do país. Foi anunciado juros de 4% ao ano em linhas de financiamento à inovação que somam, em seu conjunto,R$ 66 bilhões até o fim do mandato. Os prazos de pagamento chegam a 16 anos, sendo quatro deles de carência. A maior parte dos recursos, R$ 41 bilhões, será operada pela Finep, a agência pública que financia desde a pesquisa básica até a preparação de um produto inovador ao mercado.
Detalhes da pesquisa sobre ecoinovação
Segundo a Sondagem Especial: Ecoinovação e Transformação Digital, 30% das empresas têm trabalhos em execução e outras, 17% estão com projetos aprovados para serem iniciados. Os dados mostram também que 28% das empresas estão realizando estudos iniciais sobre o tema e 19% não realizam nenhuma ação de ecoinovação no momento. A CNI entrevistou 2.236 gestores de empresas industriais entre os dias 1 e 10 de janeiro.
A pesquisa revela que, entre as indústrias que integram a Mobilização Empresarial pela Inovação (MEI) – grupo coordenado pela CNI formado por mais de 500 empresas –, a ecoinovação já é uma realidade. De acordo com os dados, 78% das empresas que fazem parte da MEI têm planos de ação ou projetos de ecoinovação em andamento; outras, 7% têm projetos aprovados, mas não iniciados; 9% estão em fase de estudos; e 5% não realizam nenhuma ação nesta área.
Entre as dificuldades para o desenvolvimento e estruturação desse modelo na indústria, está a falta de trabalhadores qualificados para atuar com o tema. As restrições orçamentárias (33%) são a principal barreira para a qualificação de profissionais para trabalhar com ecoinovação. Na sequência, aparecem a necessidade de investir em outras áreas estratégicas (29%), estrutura/cultura da empresa (18%), limitação de tempo disponível para treinamento (20%) e baixo engajamento dos funcionários (12%).
O estudo revela ainda que, para 66% dos entrevistados, falta conhecimento aos trabalhadores em técnicas sustentáveis e, para 45%, falta conhecimento de legislação ambiental. Cerca de 38% consideram que falta ao profissional competência para gerir e desenvolver projetos de ecoinovação.
Os principais desafios enfrentados pelas empresas no recrutamento de profissionais para ecoinovação são encontrar profissionais experientes em sustentabilidade (36%) e profissionais atualizados em tecnologias ambientais (36%).
Perguntados sobre qual estratégia a empresa tem adotado para suprir lacunas e promover a ecoinovação, 76% dos entrevistados afirmaram que têm apostado em treinamento de funcionários; 31%, na participação em redes colaborativas; e 24% na terceirização de projetos, funções e iniciativas de tecnologia da informação e comunicação (TIC).
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