Paralisada desde 2016, o trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina é considerada fundamental para manter a competitividade de Pernambuco e Estados vizinhos

Ângela Fernanda Belfort / FONTE: MOVIMENTO ECONÔMICO

Fiepe Bruno Veloso
O presidente da Fiepe Bruno Veloso vê com muita preocupação a desclassificação das empresas da licitação do trecho pernambucano da Transnordestina. Foto: Sistema Fiepe

A empresa Infra S.A. desclassificou o consórcio liderado pela Nova Engevix Engenharia e Projetos da licitação que vai escolher uma empresa para fazer o projeto básico e o executivo do trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina. O presidente da Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe), Bruno Veloso, diz estar “preocupado” e argumenta ser necessário uma nova mobilização das entidades empresariais e políticas para acompanhar a licitação e o andamento deste projeto.

“Pelo que estamos acompanhando, as empresas estão sendo desabilitadas por causas técnicas, como por exemplo, não terem dentro da coordenação um profissional habilitado em projeto de terraplenagem e superestrutura com 10 anos de experiência na área ferroviária. Com o histórico de obras ferroviária que temos, não é fácil encontrar um profissional com 10 anos de experiência”, afirma Bruno. Com exceção do Estado da Bahia, o Nordeste passou quase 10 anos sem ter obras ferroviárias.

Ele também cita que a licitação vai dar preferência à empresa que utilize o sistema Building Information Modeling (BIM), “o que não é tão usual” entre as empresas do setor. O outro fator preocupante da concorrência é o tempo longo para a entrega dos projetos que é de 18 meses mais um prazo de seis meses para o acompanhamento do projeto, totalizando 24 meses.

Bruno argumenta que dois anos é um prazo muito longo e que não se pode esperar dois anos para licitar as obras da ferrovia. Ele defende que empresa vencedora (da licitação) entregue o projeto por partes e que a licitação das obras ocorra logo depois que os projetos destes trechos fiquem prontos.

A atual licitação está sendo realizada pela empresa Infra S.A., que pertence ao governo federal. Na concorrência, a abertura das propostas ocorreu no último dia 20 de maio. Com a desclassificação da terceira colocada, agora a Infra vai analisar a documentação da quarta colocada, que é a  KL- Serviços de Engenharia – que colocou o preço de R$ 19,8 milhões para fazer o serviço. A primeira colocada na concorrência que foi a Geosistemas faria o serviço por R$ 12,4 milhões.

A Infra informou que só vai se pronunciar quando todo o processo de licitação for concluído. Ninguém sabe quando isso vai ocorrer, porque têm que ser cumpridos todos os prazos estabelecidos no edital e as empresas também podem pedir para aumentar o prazo estabelecido para a comprovação da documentação, além de recursos que também podem elastecer estes prazos.

Trecho pernambucano da Transnordestina
A licitação para contratação dos projetos básico e executivo é o primeiro passo para a retomada do trecho pernambucano da Transnordestina. Foto: divulgação TSLA

A Transnordestina, que ligaria o Sertão ao Porto de Suape

O atual trecho pernambucano da Ferrovia Transnordestina terá cerca 520 km de extensão ligando a cidade a cidade de Salgueiro, no Sertão do Estado, ao Porto de Suape, na Região Metropolitana do Recife. Com as obras iniciadas em 2006, o trecho pernambucano está paralisada desde 2016. O trecho cearense está avançando com o financiamento de recursos públicos.

Bruno diz ser fundamental para a economia de Pernambuco e estados vizinhos a conclusão do trecho pernambucano da ferrovia. “Ter uma ligação ferroviária entre o Sertão e Suape vai viabilizar a interiorização da indústria pernambucana. A ferrovia será um facilitador para a exportação. Não existe qualquer porto importante no mundo sem um modal ferroviário ligando às indústrias ao porto. Deixar Pernambuco sem a ferrovia é limitar a capacidade de Suape a um segundo plano”, resume Bruno.

No projeto original, a Ferrovia Transnordestina começava no Sul do Piauí, seguia até a cidade de Salgueiro e depois disso se dividia em dois ramais, um indo para Suape e o outro, para Pecém, nas imediações de Fortaleza. A empresa que está à frente das obras, a TLSA -uma subsidiária da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN)- desistiu de construir o trecho pernambucano e continua fazendo a parte que vai para Pecém, que deve ser inaugurada em 2027.

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